terça-feira, 4 de junho de 2013

Ruy de Carvalho Indignado no Facebook

                       

Este que sempre foi um PSD foi preciso tocarem-lhe lá nos interesses dele para
abrir os olhos? não tenho pena dele tenho é pena de mim que não votei nestes filhos da p########### e tenho que os aturar AGUENTE_SE

Ruy de Carvalho abriu os olhos

Ruy de Carvalho é, nos dias que correm, um homem que, finalmente, aprendeu com quem estava a lidar. Bateu-lhe à porta. E à porta de outros irá ainda bater. Para que também aprendam.

Num texto publicado ontem no Facebook, o veterano ator revela-se indignado com o ministro das Finanças, que acusa de “institucionalizar o roubo”, perante “o silêncio do Primeiro–Ministro e os olhos baixos do Presidente da República”.
Ruy de Carvalho esclarece que decidiu manifestar a sua indignação depois de ter recebido uma carta das Finanças que indica que já não é “artista” e passou a ser apenas “prestador de serviços”, deixando de ter direitos conexos e de propriedade intelectual.
Eis a carta:

Senhores Ministros:

Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos – e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista.

Vivi a guerra de 38/45 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive
o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador.

Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.

Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.

Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor… e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país – colegas que muito prezo e gostava de poder defender.

Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante. Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?

Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do
Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual.

Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero… a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.

É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!

É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.

É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com diretos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.

Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais
delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos.

Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito… porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!
RUY DE CARVALHO. Recebido por email.






Outros relacionados:
Barões do PSD unem-se contra Passos                 PSD Tudo Levou como Evoca Brecht
 Quem Paga o Estado Social Raquel Varela   A Insustentabilidade da Segurança Social                        
: Portugal à beira da Catástrofe                                 Portugal à beira da Catástrofe - II
Austeridade Estas medidas são um erro                         Austeridade Medidas Victor Gaspar
Bardamerda e caladinhos austeridade em 30 ...         O regresso da pobreza à Europa     
As medidas de Austeridade deste Governo                  Medina Carreira Austeridade 7 Maio
austeridade é uma ideia Perigosa Mark Blyth          Ferreira Leite arrasa Vítor Gaspar
 Dívida Pública 119,1% do PIB para 2012                        Europa Três anos de crise da dívida
Sondagem RTP PS=PSD+CDS                                              Passos Coelho em Contradições PEC IV
Dívida Privada um Problema para Portugal                     Frases célebres de Pedro Passos Coelho:
Poesia O Zé na miséria e eles ricos                                    O regresso da pobreza à Europa
Transparência - Carlos Moedas                                            O resgate um ano depois
  Austeridade Nobel da Economia Joseph Stiglitz     Deputada arrasa ministro da Segurança Social



1 comentário:

  1. Ao ler o que este Senhor escreveu, com todo o respeito que me merece enquanto cidadão, não consigo esquecer isto http://goo.gl/90FYV

    ResponderEliminar